Chutei o balde. Bem chutado. Assim, chutado, chutadíssimo. Nem Romário daria tão belo lance. Certeiro, com força; mandou o maldito pra bem longe. Coisa rápida, veja bem. Foi em uma daquelas sinucas de bico, que o jogo vira nos quarenta e cinco do segundo tempo e precisa-se pensar na velocidade da luz. Me saí bem, admito. Chute mais certeiro não haveria de ter dado. Foi-se, e nem quero saber onde ele parou.
Já chutei o balde outras vezes. Digamos que é relativamente fácil. Adquire-se prática com o passar do tempo. Alguns chutes vêm em fórmulas depois de certo período. Em algumas ocasiões é tão fraca a jogada que nem se percebe que foi cometido o ato novamente. Variações para um mesmo resultado, confesso.
O que ninguém nos conta é que é muito mais difícil chutar o balde quando ele contém água dentro. É amigo, isso faz toda a diferença – nem queira saber. Desperdiçar essa água, por si só, já é um pecado. Era pra ela ficar ali, guardadinha, pra mais além aumentar de volume… Mas não, fui forçado a jogar ela fora, e assim, num de repente! Se fosse aos pouquinhos ainda era mais fácil, com jeitinho tudo se ajeita, não é mesmo? E a água, sendo arrancada violentamente do seu recipiente, ficou jogada pelo caminho, o que não significa que ela secou. Deixar ela assim, viva e abandonada, me causa tanta pena.
Embora, sei bem eu, ela há de secar. Mais dia, menos dia…
O problema é que o balde tende a querer trilhar o caminho de volta. Aham! Nos força a enviá-lo pra onde Judas perdeu as botas e depois quer desfazer todo o esforço. Ah, balde. Assim enfraquece a amizade… Pois bem, ao coitado só desejo boa sorte: vai que nessa volta ele consiga encontrar a água que desprezou. Ou pelo menos o que restou dela.
Não sei, mas ando pensando em encher meus próximos baldes com Vodka.
- Por Karen Rodrigues -

Nenhum comentário:
Postar um comentário